sábado, 4 de setembro de 2010

BOM- VENTO e BARRO- LOBO

               BOM- VENTO e BARRO- LOBO
Em sítio tão ventoso, encontrar um lugar (aldeia) que se dá pelo nome de Bom- Vento, sugere um agradável presságio. Alongar os olhos, pelos campos, desde o café "Parreirinha", avista-se ao fundo, a sede do concelho, Bombarral.
No Outono, as encostas que se estendem ao longo destes caminhos, parecem bem seguras, capazes de suster a erosão.
É quase em finais de Novembro que chega a tão desejada chuva, para que esta "mate" a sede à terra. Depois das chuvas, a terra ganha uma cor ainda mais avermelhada e fresca.
Mesmo a seu lado, encontra-se o Barro- Lobo, outra aldeia que oferece uma paisagem entre cortada por manchas que se sobrepõem umas sobre as outras, como se fossem pequenas montanhas que, uma após outra, tentam chegar mais acima, talvez fugindo do lobo, assim diria a sabedoria popular, referindo-se às lendas que justificam o nome de tal aldeia. Sítio de muitos lobos, dizem uns. Outros enaltecem a bravura de quem os matou. Outros ainda, alegam que toda aquela região era de matas intransponiveis e ainda se recordam de falarem na mata da Delgada, ali ao lado, assustadora e, obviamente, espaço fértil para a existência do temível lobo.
Barro-Lobo, também já apareceu grafado como Bairro do Lobo, mas porque não Bairro do "Faustino"?! que deu origem a uma prole que ainda hoje predomina- a dos Faustinos- e que teria vindo foragido, dos lados da Benedita.
Embora os Faustinos tenham pouco a pouco abandonado o Barro- Lobo, alguns ainda persistem.
Em finais de Novembro, já se vislumbram "pintas" coloridas de homens que iniciam as podas dos pessegueiros e ameixoeiras que dão fruto mais cedo e que, por consequência terminam o período de repouso.
A meio da tarde, ou à noitinha as pessoas vão passando pelo Café "Parreirinha", ou no Café "Hortense", no cruzamento para o Barro- Lobo. Está frio, mas os cafézitos são locais de convívio, de passegem, de possibilidade de saber notícias e de deixar dois dedos de conversa a troco de uma ou mais cervejinhas.

Minha casa pequenina
fica à beirinha da estrada
Lá no alto da colina
A cem metros do lugar ...
(...)
Tem à frente, uma janela...
De dia o Sol entra nela
E de noite entra o luar...

Uma porta estreita e rasa
Aberta de par em par
A todos dá livre acesso ...
                          Poeta José Ferreira Ventura, Venutra (um dos pelo menos quinze, pseudónimos que usava).

in "Viagens por memórias e paisagens CARVALHAL ... E PERAS "de Teresa Perdigão e Agneta O Bjorkman.


Fonte Viva, despede-se até ao próximo encontro.